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O que são cargas fatoriais?

Bruno Damásio

maio 16, 2021

Neste post, falaremos sobre as cargas fatoriais. Objetivaremos responder a quatro perguntas, a saber: (1) o que são cargas fatoriais?; (2) como interpretá-las?; (3) qual é o valor de carga fatorial aceitável?; e (4) as cargas fatoriais podem ser maiores que 1?

O que são cargas fatoriais?

As cargas fatoriais desempenham um papel crucial em uma análise fatorial, pois indicam o quanto cada variável (ou item) contribui para um fator específico.

Em síntese, quanto maior a carga fatorial de um item, mais importante ele é para o construto de interesse. Por exemplo, considere que o Item 1 possui carga fatorial de 0,80 em um fator, enquanto o Item 2 possui uma carga de 0,45 nesse mesmo fator. Desse modo, concluímos que o Item 1 é mais representativo do fator que o Item 2.

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Como interpretar as cargas fatoriais?

Em termos simples, as cargas fatoriais refletem a relação entre cada item e o fator em análise. Se elevarmos a carga fatorial de um item ao quadrado, obtemos a comunalidade, que representa a proporção da variabilidade do item explicada pelo fator.

Saiba mais: Comunalidade vs. singularidade: entendendo as diferenças

cargas fatoriais, comunalidade e singularidade.

Qual é o valor de carga fatorial aceitável?

Na análise fatorial exploratória, cada item terá cargas fatoriais para todos os fatores do modelo. O que se espera, geralmente, é que um item carregue mais fortemente em um fator específico (chamado fator primário) e, ao mesmo tempo, tenha uma carga mais baixa nos fatores secundários. Mas como podemos determinar se uma carga fatorial é “boa”?

Diversos pesquisadores sugerem pontos de corte a fim de classificarmos uma carga fatorial como aceitável. Por exemplo, Hinkin (1995, 1998) propôs que valores acima de 0,30 ou 0,40 para a carga fatorial em um fator primário são indicativos de que o item é relevante para aquele fator.

Por outro lado, para os fatores secundários, Costello e Osborne (2005) sugerem que as cargas fatoriais não devem ultrapassar 0,32 ou 0,40. Em contrapartida, Hinkin (1998) defendeu que a diferença entre as cargas fatoriais primárias e secundárias deve ser de pelo menos 0,20.

Além disso, Howard (2016) combinou essas propostas e sugeriu a regra 0,40–0,30–0,20: as variáveis devem (a) ter cargas fatoriais superiores a 0,40 no fator primário, (b) carregar abaixo de 0,30 nos fatores secundários, e (c) apresentar uma diferença de 0,20 ou mais entre as cargas fatoriais primárias e alternativas.

As cargas fatoriais podem ser maiores que 1?

Finalmente, ressaltamos que, em alguns casos, podemos interpretar a carga fatorial como um coeficiente de regressão da variável em relação ao fator. Em outras palavras, essa interpretação indicaria qual o grau de mudança previsto no item em função da mudança em uma unidade na variável latente. Como resultado, seria possível que a carga fatorial ultrapassasse o valor 1 (Joreskog, 1999).

Se isso ocorrer, então será essencial verificar a variância residual da variável associada à carga fatorial maior que 1. No entanto, se a variância residual for negativa, a solução será considerada inadmissível. Ou seja, a variável não deverá ser utilizada (Muthén & Muthén, 2017).

Conclusão

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Referências

Costelo, A. B., & Osborne, J. W. (2005). Best practices in exploratory factor analysis: Four recommendations for getting the most from your analysis. Practical Assessment, Research & Evaluation, 10(7), 1–9.

Hinkin, T. R. (1995). A review of scale development in the study of behavior in organizations. Journal of Management, 21, 967–988. https://doi.org/10.1016/0149-2063(95)90050-0

Hinkin, T. R. (1998). A brief tutorial on the development of measures for use in survey questionnaires. Organizational Research Methods, 1(1), 104–121. https://doi.org/10.1177/10944281980010010

Howard, M. C. (2016). A review of exploratory factor analysis decisions and overview of current practices: What we are doing and how can we improve? International Journal of Human–Computer Interaction, 32(1), 51–62. https://doi.org/10.1080/10447318.2015.1087664

Jöreskog, J. G. (1999, 22 de julho). How large can a standardized coefficient be. https://www.statmodel.com/download/Joreskog.pdf

Muthén, L. K., & Muthén, B. O. (2017). Mplus: Statistical analysis with latent variables. User’s guide. Authors.

Como citar este post

Damásio, B. (2021, 16 de maio). O que são cargas fatoriais? Blog Psicometria Online. https://www.blog.psicometriaonline.com.br/cargas-fatoriais/

Bruno Figueiredo Damásio

Sou Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia. Venho me dedicando à Psicometria desde 2007.

Fui professor e chefe do Departamento de Psicometria da UFRJ durante os anos de 2013 a 2020. Fui editor-chefe da revista Trends in Psychology, da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) e Editor-Associado da Spanish Journal of Psychology, na sub-seção Psicometria e Métodos Quantitativos.

Tenho mais de 50 artigos publicados e mais de 5000 citações, nas melhores revistas nacionais e internacionais.

Em 2020, saí da UFRJ para montar a minha formação, a Psicometria Online Academy.

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