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Análise de rede aplicada a dados psicológicos

Alex França

out 13, 2021

Neste post, falaremos sobre análise de rede. Primeiramente, explicaremos o que são redes e como elas funcionam. Em seguida, veremos como a análise de rede é aplicada aos dados psicológicos. Então, exploraremos seus principais conceitos, exemplos práticos e implicações psicométricas.

O que é análise de rede?

Primeiramente, é necessária uma visão geral do que são redes. As redes são modelos matemáticos que podem ser representados graficamente. Esses modelos incluem nodos (variáveis ou objetos) conectados por arestas (linhas ou setas), que simbolizam as relações entre eles. Em síntese, quer de forma visual ou analítica, as redes permitem compreender como diferentes nodos que a constituem interagem entre si.

Embora essa abordagem seja amplamente empregada em áreas como Física, Biologia e Ciências Sociais, seu uso em Psicologia ainda é relativamente recente. No entanto, ela tem ganhado destaque e aplicação crescente em diversas subáreas.

Como funciona a análise de rede em dados psicológicos?

A análise de rede em Psicologia começou a ganhar força com os estudos de van der Maas et al. (2006) e, posteriormente, com Cramer et al. (2010). Nessas aplicações, cada nodo representa uma variável observável, como itens de um questionário, enquanto as arestas indicam o nível de interação entre esses itens.

Por exemplo, sintomas de depressão podem se conectar em uma rede, reforçando-se mutuamente por meio de relações causais. Contudo, diferentemente do que ocorre em redes sociais, as conexões entre os nodos aqui são estimadas estatisticamente, o que permite interpretações mais precisas sobre suas interações.

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Visualização de redes psicológicas: um exemplo prático

A Figura 1 ilustra uma rede estimada a partir dos dados da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), coletados com adultos brasileiros. Nela, vemos como os sintomas se organizam e se conectam.

análise de rede psicológica.
Figura 1. Rede psicológica da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS).

As arestas mais espessas indicam conexões mais fortes, enquanto as mais finas representam relações mais fracas. Os números nos nodos correspondem aos sintomas, e os agrupamentos formam clusters de variáveis que tendem a interagir com maior frequência.

Conceitos centrais na análise de rede

Dentro da análise de rede, é essencial entender os conceitos de centralidade. Em síntese, um nodo altamente conectado pode influenciar outros significativamente. Isso ocorre porque esse nodo tem uma posição estratégica dentro da rede.

Além da observação visual, os pesquisadores utilizam medidas como:

  • Betweeness centrality: indica o quanto um nodo age como ponte entre outros.
  • Closeness centrality: mede a proximidade de um nodo com todos os demais.
  • Strength centrality: quantifica a força das conexões diretas de um nodo.

Essas métricas permitem identificar os nodos mais influentes dentro da rede.

Aplicações da análise de rede em Psicologia

Graças à análise de rede, surgiram diversas investigações em Psicologia. Por exemplo, estudos sobre ansiedade, depressão, personalidade, distúrbios alimentares, estresse pós-traumático e inteligência já utilizaram essa abordagem com sucesso.

Além disso, durante a pandemia da COVID-19, a análise de rede também permitiu compreender melhor os padrões de sintomas depressivos em populações brasileiras, revelando insights importantes para a área de saúde mental.

A análise de rede e a inovação psicométrica

Além de suas aplicações em pesquisa, a análise de rede tem inovado a Psicometria. Por exemplo, um dos avanços mais relevantes foi a introdução de novos métodos para estimar dimensões em instrumentos psicológicos.

Essa contribuição se deve, em grande parte, ao trabalho do professor Hudson Golino, pesquisador brasileiro na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos.

Saiba mais: O que é exploratory graph analysis?

análise de rede e exploratory graph analysis.

Conclusão

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Referências

Cramer, A. O., Waldorp, L. J., van der Maas, H. L., & Borsboom, D. (2010). Comorbidity: a network perspective. The Behavioral and brain sciences, 33(2-3), 137–193. https://doi.org/10.1017/S0140525X09991567

Van Der Maas, H. L. J., Dolan, C. V., Grasman, R. P. P. P., Wicherts, J. M., Huizenga, H. M., & Raijmakers, M. E. J. (2006). A dynamical model of general intelligence: The positive manifold of intelligence by mutualism. Psychological Review, 113(4), 842–861

Como citar este post

França, A. (2021, 13 de outubro). Análise de rede aplicada a dados psicológicos. Blog Psicometria Online. https://www.blog.psicometriaonline.com.br/analise-de-rede-aplicada-a-dados-psicologicos/

Bruno Figueiredo Damásio

Sou Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia. Venho me dedicando à Psicometria desde 2007.

Fui professor e chefe do Departamento de Psicometria da UFRJ durante os anos de 2013 a 2020. Fui editor-chefe da revista Trends in Psychology, da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) e Editor-Associado da Spanish Journal of Psychology, na sub-seção Psicometria e Métodos Quantitativos.

Tenho mais de 50 artigos publicados e mais de 5000 citações, nas melhores revistas nacionais e internacionais.

Em 2020, saí da UFRJ para montar a minha formação, a Psicometria Online Academy.

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