A revisão sistemática é um dos métodos mais robustos para sintetizar o conhecimento científico. Neste post, você vai entender o que caracteriza uma revisão sistemática e quais são seus principais objetivos. Além disso, explicaremos suas características fundamentais e apresentaremos as etapas necessárias para conduzi-la com rigor, transparência e credibilidade.
Revisão sistemática: definição e objetivos
A revisão sistemática é um método de pesquisa que busca identificar, avaliar e sintetizar as evidências empíricas que atendem a critérios de inclusão pré-definidos, a fim de responder a uma pergunta de pesquisa específica (Higgins et al., 2021).
Diferente das revisões narrativas, ela segue um protocolo pré-definido, com critérios claros de inclusão e de exclusão. Dessa forma, o pesquisador reduz vieses, assegura a reprodutibilidade e aumenta a transparência do processo.
O principal objetivo de uma revisão sistemática é integrar criticamente as evidências disponíveis, a fim de oferecer uma síntese confiável para orientar decisões (clínicas, educacionais, políticas públicas etc.). Além disso, esse tipo de revisão pode gerar novas teorias ou avaliar teorias existentes (Siddaway et al., 2019).
Em outras palavras, revisores de literatura não apenas descrevem estudos anteriores. Pelo contrário, eles organizam e interpretam os achados, permitindo que leitores compreendam o estado atual do conhecimento sobre o tema.
Por fim, a revisão sistemática possibilita comparar resultados entre diferentes estudos, identificar lacunas na literatura e propor novas direções de pesquisa. Assim, ela se torna uma ferramenta indispensável em diversas áreas do saber.

Quais são as principais características de uma revisão sistemática?
As revisões sistemáticas se destacam por serem metódicas, abrangentes, transparentes e potencialmente replicáveis (Siddaway et al., 2019). Em seguida, descreveremos cada um desses atributos.
Primeiramente, elas são metódicas porque seguem um plano detalhado desde a formulação da pergunta até a análise dos resultados. Esse protocolo, geralmente registrado antes do início da pesquisa, evita (ou avalia) vieses e assegura rigor metodológico.
Além disso, elas são abrangentes, pois envolvem buscas extensas em múltiplas bases de dados, como PubMed, Scopus e PsycINFO. Frequentemente, os pesquisadores também procuram estudos não publicados e relatórios técnicos. Assim, minimizam o risco de viés de publicação e ampliam a confiabilidade das conclusões.
Outro atributo essencial é a transparência. Os autores documentam cada decisão, incluindo palavras-chave, filtros e idiomas utilizados. Dessa maneira, outros pesquisadores conseguem acompanhar e avaliar todo o processo de seleção e síntese.
Por fim, elas são potencialmente replicáveis. Isso significa que, se outro pesquisador seguir o mesmo protocolo, deve obter resultados semelhantes. No entanto, pequenas variações podem acontecer, a depender da qualidade do relato do método adotado na revisão original. Se bem detalhadas, as revisões fortalecem a credibilidade científica e promovem o avanço cumulativo do conhecimento.

Como se faz uma revisão sistemática?
Para realizar uma revisão sistemática, é necessário seguir um processo metódico, documentado e transparente. A seguir, apresentamos passos fundamentais que ajudam a garantir a qualidade e a credibilidade do estudo.
- Definir a pergunta de pesquisa e os objetivos: formular uma pergunta clara e específica, preferencialmente usando a estratégia PICO (população, intervenção, comparação e desfecho [outcome]).
- Elaborar um protocolo: registrar o plano de trabalho detalhando métodos, bases de dados e critérios de elegibilidade. Esse protocolo pode ser publicado em plataformas como o Open Science Framework e o PROSPERO.
- Realizar buscas sistemáticas: pesquisar de forma abrangente em bases de dados científicas, como PubMed, Scopus e PsycINFO, para identificar todos os estudos relevantes.
- Selecionar os estudos: aplicar os critérios de inclusão e de exclusão de maneira transparente, geralmente com revisão por pares.
- Extrair dados: coletar informações essenciais de cada estudo, como amostra, delineamento e principais resultados.
- Avaliar a qualidade metodológica: utilizar ferramentas padronizadas para avaliar o risco de viés e a confiabilidade dos estudos incluídos (e.g., RoB 2).
- Sintetizar e interpretar os resultados: integrar as evidências por meio de análise narrativa ou metanalítica e apresentar conclusões embasadas. Neste sentido, a declaração PRISMA, que consiste em diretrizes de quais informações incluir na redação científica, é útil para embasar a escrita do texto.
Ao seguir esses passos, o pesquisador maximiza as chances de que sua revisão sistemática seja confiável, reprodutível e útil para a comunidade científica.

Conclusão
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Referências
Higgins, J. P. T., Thomas, J., Chandler, J., Cumpston M., Li, T., Page, M. J., & Welch, V. A. (Eds.). (2021). Cochrane handbook for systematic reviews of interventions version 6.5. Cochrane. cochrane.org/handbook
Siddaway, A. P., Wood, A. M., & Hedges, L. V. (2019). How to do a systematic review: A best practice guide for conducting and reporting narrative reviews, meta-analyses, and meta-syntheses. Annual Review of Psychology, 70(9), 747–770. https://doi.org/10.1146/annurev-psych-010418-102803
Como citar este post
Lima, M. (2025, 27 de outubro). O que é uma revisão sistemática? Blog Psicometria Online. https://blog.psicometriaonline.com.br/o-que-e-uma-revisao-sistematica
